
Eu na Fundação Casa de Jorge Amado, ao lado de sua máquina de escrever, durante minhas férias na Bahia.
Muita gente tem implicância com clássicos da literatura e fala que “é chato” sem nem saber do que se trata. Se você é assim, provavelmente nem se interessou pelo título da resenha de hoje. Mas nunca é tarde para deixar os preconceitos de lado e tentar conhecer algo novo.
O livro Capitães da Areia, de Jorge Amado, é sem dúvida um dos melhores livros que eu já li na vida. A história, escrita em 1937, infelizmente consegue ser absurdamente atual no ano de 2014.
Infelizmente? Sim. O livro conta a história de vários meninos abandonados da Bahia,que vagam pelas ruas, roubam e sobrevivem dia apósdia. Os Capitães da Areia são os jovens ladrões mais temidos de sua região. Crianças sem pai, sem mãe, sem carinho, sem absolutamente nada.
É o tipo do livro que faz você refletir sobre sues conceitos de “bem” ou “mal”. Você consegue entender o universo daquelas crianças. Por vezes, eu juro que cheguei a comemoraralgum furto ou golpe aplicado por Pedro Bala e companhia.
O que eu achei lindo na história foi que Jorge Amado conseguiu mostrar a humanidade, as fraquezas e o anseio pela infância, perdida, dentro de cada uma daquelas crianças abandonadas. Os sonhos de cada um, as frustrações, a culpa depois de fazer algo errado e ao mesmo tempo o sentimento de vingança para com a sociedade, tudo isso é extremamente tocante. E nos faz refletir sobre como, por vezes, simplesmente ignoramos realidades parecidas nos dias de hoje.
E no meio dessa atmosfera de tanto abandono e sofrimento, o autor conseguiu inserir o amor. Dora chega ao trapiche, a “casa” onde os Capitães da Areia dormiam, e vira mãe e irmã para todos eles. Mas para Pedro Bala, líder do grupo, ela foi o amor.
No fim do livro, Jorge Amado dá um destino diferente a cada personagem. A infância já não os acompanha. São adultos e têm de seguir suas vidas, sem estudos e sem muitas oportunidades. Mas as experiências como um dos Capitães da Areia ficam na memória deles para sempre.
E acho que na minha também…
Bruna Paiva
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