Sou inabalável, organizado, forte e dentro dessa sala tenho todo o poder do mundo. Grito e os amedronto porque, que minha chefe não me ouça, sou eu quem dito as regras no recinto. Mas a verdade é que, aqui dentro mesmo, está tudo uma bagunça, frágil e instável.
Me faço de durão e ditador para todo o mundo ver o quanto sou respeitável. Queria ser exemplo, já que estudei pra caramba até chegar aqui. O que preciso, lá no fundo, não é desse exército que criei. Eles têm medo de mim e eu só queria ser admirado.
Meu maior desejo era que eles me achassem tão foda quanto aquele meu colega que nunca precisou dar um grito para obter atenção. Queria carinho e reconhecimento. Afinal, sei que sou muito competente e bom no que faço. E, convenhamos, tenho algumas grandes conquistas nas costas.
Quero que vejam como sou melhor que muita gente. Preciso jogar na cara do mundo cada uma de minhas vitórias. Menosprezar quem tem menos experiência, ou mesmo quem lutou menos que eu para se dar bem. Sou incompreendido por quem eu só queria que me amasse.
Saio dessa minha cúpula de incompreensão e passo a não compreender tampouco aqueles com quem lido. Às vezes, esqueço me de que há pouco era um deles.
Eu só queria ter sido respeitado, motivo de orgulho e inspiração para cada um dos que hoje são meus soldados. Por eles queria ser considerado herói, ídolo diante de tudo o que alcancei nessa vida. Lutei muito, mas me impus como se fosse o rei do mundo. Hoje, meu maior medo é um dia olhar para trás e perceber que só o que consegui foi me tornar um babaca com meia dúzia de conquistas.
Bruna Paiva
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