Uma vez, li um livro em que o protagonista definia o amor como uma mancha. Algo que, por mais que se queira, não se consegue apagar. Fica ali, sempre te lembrando o que manchou aquela blusa de que você tanto gostava.
O conceito é interessante. É uma boa forma de olhar para o mais enigmático dos sentimentos. Entretanto, ainda prefiro defini-lo como uma cicatriz.
Nenhuma cicatriz chega onde está sem ser notada. Há de haver um corte que, até se transformar em uma marca, machuca. Você precisa se preocupar com uma cicatriz. Necessita cuidados para que não infeccione. Não pode pegar sol para que ela não fique tão feia. Tem que passar pomada para que a pele se recomponha.
Acredito que existam três tipos de cicatrizes. O primeiro tipo são as cicatrizes brandas. Aquelas em que, afinal, o amor não era assim tão grande. Estas, deixam apenas uma marca suave na pele, que quase passa batida, mas está lá para lembrá-la de o processo que a levou até ali.
No segundo tipo entram as cicatrizes médias, mais visíveis. Amores que deixaram saudades de uma época e de momentos. Aquelas marcas que deixam a pele diferente e toda vez que são vistas trazem a lembrança de uma boa história.
Já o terceiro tipo de cicatriz… São aquelas que, mesmo depois de anos, volta e meia ainda latejam. Deixam a região sensível para o resto da vida e o toque pode ser doloroso. São causadas por amores intensos, fortes e de tirar o fôlego, mas que, por vezes, não conseguem se sustentar. É bem verdade que essas são mais raras se comparadas às do primeiro tipo. Mas a dor é a maior dentre as três.
Permita-se ter diversas cicatrizes brandas, algumas médias e quantas das profundas você aguentar. É preciso descobrir que um amor nem sempre é aquilo que se imaginava. Deve-se, sim, viver uma história divertida para relembrá-la toda vez que bater saudades. E é extremamente necessário que se passe pela dor do terceiro tipo de cicatriz, afinal, os piores sofrimentos são os que mais nos ensinam a viver.
Bruna Paiva
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