E, mais uma vez, me bate a velha vontade de reler aquele livro. O mesmo que, depois da última leitura, guardei no fundo da última estante prometendo nunca mais tirá-lo de lá.
Hoje, meus olhos, meio sem querer, pousaram naquele exemplar desgastado por tanto uso. Maltratado com arranhões, manchas e orelhas. Por impulso tiro-o da estante para sentir o cheiro das páginas e me jogar de cabeça em sua história.
A cada linha, os acontecimentos me envolvem, conquistam e prendem. As páginas são amareladas; e meu subconsciente se depara com a estranha sensação de já conhecer a história. Mesmo assim, a melhor parte do dia passa a ser aquela em que me sento e abro o velho exemplar. É tão incrível que me pergunto por que demorei tanto a reler.
Mas é depois da metade do livro que começo a perceber que já sei o final. Os personagens são os mesmos e, por mais que eu torça por um fim diferente, o que foi escrito não muda.
Sei como termina e as marcas molhadas nas ultimas páginas só confirmam a dor que aquele desfecho me causa. As lágrimas, que agora seguem seu caminho pelo meu rosto, me mostram, mais uma vez que a única que acaba mal com aquela história sou eu. E então, o guardo em seu lugar cativo: o fundo da estante mais alta. Prometendo nunca mais tirá-lo dali.
Ainda assim, volta e meia me pego por lá novamente. Tirando o livro da estante, sentindo o já conhecido perfume, folheando as páginas e quebrando minha promessa, na vã esperança de um novo fim.
Bruna Paiva
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Quando eu releio um livro, eu tenho a sensação de reencontrar velhos amigos, impressão que é acentuada quando o livro pertence a uma série. O livro se torna uma espécie de fonte inesgotável em que eu, na releitura, vou em busca do “mais” que uma segunda, terceira leitura proporciona quando atrelada a experiência de vida. Adoro sentir aquele sensação de atrelamento que o autor fez e que só é possível perceber quando já sabemos o final.
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Também amo reler os livros que mexem comigo. Mas algumas histórias são dolorosas demais para serem vividas mais de uma vez…
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