Você já pensou em se matar? Seja lá qual for o motivo que te tira do sério, ele já te fez pensar numa medida extrema? Em Suicidas, do autor carioca Raphael Montes, nove jovens tomam uma decisão sem volta: resolvem cometer suicídio em uma noite de roleta russa.
Desde que li Dias Perfeitos, do mesmo autor, tenho vontade de conhecer a obra que deu início a carreira de Raphael Montes. Quando finalmente consegui estar com o livro nas mãos, não pude conter a ansiedade. A história é louca e ao mesmo tempo plausível. Gosto do Raphael porque ele mostra o pior do ser humano usando personagens que podem estar no dia a dia de qualquer um.
Suicidas começa um ano depois do episódio da roleta russa. O livro inteiro se passa numa reunião entre a delegada do caso e as mães dos jovens suicidas. Na reunião, a delegada lê para as mães o livro escrito por Alessandro, um dos nove suicidas, na noite da roleta russa. Além do livro escrito em tempo real durante o jogo, o leitor acompanha também as anotações de um diário do próprio Alessandro.
O livro é brutal e tem cenas de deixar qualquer um chocado. Mas é uma leitura incrível. Confesso que não concordo com a postura de nenhum dos personagens. Menos ainda com os motivos pelos quais cada um resolve entrar na “brincadeira”. O desenrolar da história é tenso e às vezes assustador, mas também é cheio de reviravoltas que me deixaram de boca aberta.
A história, que foi finalista do Prêmio São Paulo de Literatura, em 2013, ganhou uma adaptação para o teatro. A peça, Roleta Russa, ficou em cartaz em São Paulo no fim de 2015 e agora, em abril de 2016, veio para o Rio de Janeiro. Eu, como admiradora da história, fui conferir a estreia da adaptação no dia 7/04 aqui no Rio.

Eu e Raphael Montes na estreia do Rio
A peça dirigida e adaptada por César Baptista é super fiel ao livro. Muitas das falas chegam a ser idênticas às da obra de Raphael Montes. Achei sensacional a maneira como adaptaram a conversa da delegada com as mães. É simples e funciona bem. O diretor conseguiu contar uma história complexa com poucos recursos de cenografia. A escolha dos atores foi quase perfeita. Um ou outro me decepcionou um pouco, seja por interpretar um personagem completamente diferente do livro, ou mesmo por não passar a devida emoção em cenas que mereciam convencer mais.
Ainda assim, alguns atores atingiram ou até mesmo superaram as minhas expectativas. Os que mais me chamaram a atenção foram o Gabriel Chadan, no papel de Lucas, Felipe Palhares, que interpreta Noel e protagoniza uma das cenas mais fortes do espetáculo; e, principalmente, Virgínia Castellões, que dá vida à Waléria. A menina deu um show no palco, roubou a cena e foi, de longe, a personagem mais fiel ao livro. Destaque também para o ator Emerson Grotti que, com muita sensibilidade, interpreta Dan.
Apesar da adaptação para os palcos ser cheia de suspense e tensão, eu não os senti tanto, por já saber exatamente o que aconteceria. Por isso, acho que, se você não conhece a história, vale assistir à peça antes de ler o livro. Assim você conserva a dúvida e aquele gostinho de adrenalina a cada vez que alguém leva a arma à cabeça.
Após o espetáculo, houve ainda um debate entre César Baptista, diretor da peça, e Raphael Montes, autor do livro. Os dois bateram um papo rápido com a plateia e contaram como foi o processo de adaptação. Raphael contou que a ideia de mudar o título para a peça foi dele mesmo. Para o autor, o título Roleta Russa é mais atraente e menos agressivo; disse que, se pudesse voltar atrás, talvez mudasse o título do livro também. Raphael contou ainda que a história, que também será adaptada para o cinema, começa a ser filmada ainda no segundo semestre de 2016.
Depois de um espetáculo incrível e um debate divertido, tive a oportunidade de conhecer um Raphael Montes super simpático. E, claro, pegar uma dedicatória com o autor no meu exemplar de Suicidas. Raphael, apesar de ter me deixado apavorada e/ou horrorizada em algumas cenas de seus livros, escreveu antes de sua assinatura: “Bruna, não tenha medo de mim!”.
Bruna Paiva
Serviço:
A peça Roleta Russa fica em cartaz no Rio de Janeiro somente às quintas-feiras do mês de abril.
Teatro Net Rio, em Copacabana.
Link para ingressos: https://www.ingressorapido.com.br/compras/?id=47173#!/tickets
Mais sobre o espetáculo na fan page: https://www.facebook.com/Espet%C3%A1culo-Roleta-Russa-461258484058587/?fref=ts
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Um beijo! 🙂
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Que bom que gostou, Virgínia! Adorei a peça tbm. Bjs!
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Não sou muito fã do tema, muito mais por tê-lo tratado durante os anos de psicanalise e saber que muitas pessoas julgam as pessoas que optam pore esse caminho.
Mas não posso falar do livro em si, porque não o conhecia. Vou tomar nota, mas esse mês não dará nem para pensar nele porque a pilha de livros ao lado a cama está a me olhar com vontade. rs
bacio
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Olá, Lunna! Obrigada pela visita e pelo comentário.
Realmente, grande parte da sociedade julga quem opta pelo suicídio. É um assunto delicado que gera um grande impasse entre as pessoas.
Mas o livro é bem legal, sim. Explícito e às vezes bem agressivo, mas a história é boa. E no final ainda nos deixa pensando sobre até que ponto conhecemos as pessoas…
Quando tiver um tempo para ler, tenho certeza que vai gostar.
Beijinhos
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Me arrependo de não ter ido a peça enquanto ainda estava em SP. Li Suicidas por que uma amiga disse “não pergunta nada e leia, você vai gostar”. E foi exatamente isso. Depois li Dias Perfeitos que também é uma obra incrível, e por fim falta ler O Vilarejo. O Raphael é um escritor sensacional, que a cada dia está se destacando mais no mercado, sem contar que a adaptação de Dias Perfeitos para os Estados Unidos foi uma grande “vitória” no meu ver. E a capa é bem mais bonita rs.
http://www.aconteceucomagente.wordpress.com
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Sim, Suicidas é incrível. E a peça tbm… Eu também adorei Dias Perfeitos, e, realmente, as capas internacionais estão dando um show ahahah
Bjs
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