
Imagem: Reprodução
O ônibus para no ponto, o motorista abre a porta. Um menino de no máximo14 anos, vestindo o uniforme das escolas municipais do Rio de Janeiro, grita da calçada: “abre lá atrás?”. O motorista diz que não. Confuso, o garoto mal se mexe tentando compreender o porquê da negativa, já que alunos de escolas públicas não precisam pagar passagem. Eis que o motorista o encara de volta e ensina: “Primeiro se diz boa tarde. Depois você fala assim: posso entrar por trás, por favor?”. Constrangido, o menino repetiu a frase e o motorista abriu a porta de trás do ônibus.
A cena se repetiu durante todo o trajeto, de aproximadamente uma hora, entre minha casa e minha escola de dança. Cada jovem que fazia sinal para o ônibus e reproduzia o comportamento daquele primeiro aluno, ouvia o mesmo discurso do motorista.
Lá pelo sexto estudante, um garoto, que devia ter seus 19 anos, e também assistira a todas aquelas cenas, disse ao motorista: “tá certo, meu amigo. Você tá certo”. E quando eu achei que aquele motorista já havia proporcionado, além de umas boas gargalhadas, um válido ensinamento para todo mundo ali dentro, ele resolveu desbafar:
“Ah, mas tem que ser assim. Eles tratam a gente que nem cachorro. Pô, tô aqui trabalhando e não dão nem um ‘boa tarde’. Todo dia é a mesma coisa. Agora você me diz, de que adianta ter estudo se não têm educação?”
Alguns pontos a frente, uma idosa subiu no ônibus e começou a gritar por achar que o motorista demorava para dar seu troco. Assim como com os estudantes, o motorista olhou para ela e disse “Boa tarde, senhora. Não precisa gritar. É só esperar que eu já vou dar o seu troco”. Nunca entendi por que depois de uma certa idade algumas pessoas acham que não precisam mais de educação.
Pode até ser que os estudantes e aquela senhora não tenham aprendido nada; mas prefiro acreditar que depois daquele dia eles passaram a se preocupar mais com o modo de falar. Ei, moço, se você por acaso está lendo esse texto, parabéns, você foi sensacional naquela tarde.
Bruna Paiva
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