No mecanicismo rotineiro dois olhares se cruzam e não podem mais voltar atrás. Uma tenta fingir que não viu, a outra também, mas de repente estão se encarando há tempo demais para não se cumprimentarem. É a força involuntária da chamada boa educação que se enraizou tornando impossível seguir a vontade de ir embora naquela situação.
Então as duas se aproximam lentamente, com seus sorrisos amarelos e o interesse forjado em uma vida que nunca fez diferença na sua própria. Ainda assim, o fato de em algum momento terem estudado juntas, aquele único fio em comum, parece moldar a necessidade do diálogo que se segue.
“E aí, menina!”
“Quanto tempo!”
“O que tem feito da vida?”
A resposta é vaga de ambos os lados e nenhuma das duas entende bem se o que ouviu tem a ver com a pessoa que nem conhecia 6, 7 anos atrás.
“E esse calor, menina?”
“Rio de Janeiro é complicado, né…”
“Você tem encontrado com a Juliana?”
“A gente parou de se falar no Ensino Médio”
“Ah sim… Tem visto alguém daquela época?”
“Na verdade, não…”
O sorriso sem jeito se sustenta enquanto as duas cabeças maquinam a falta de assunto até que alguém consiga uma desculpa suficientemente plausível para sair correndo dali. “Tchau, querida, bom te ver”, “Um prazer te reencontrar”…
E então as duas voltam para a rotina de onde não queriam ter saído tendo a certeza de que às vezes é mais confortável ser mal-educada…
Bruna Paiva
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