Coloco os pés no salão e o nervosismo toma meu corpo. Nunca sonhei com um casamento tradicional. Mas, quando ele propôs, me descobri louca por um vestido branco e a cerimônia pomposa. Meu pai me dá o braço e, em silêncio, agradeço pela sacudida que deu em minha vida. Não fosse a insistência em se mudar para o interior, nunca teríamos travado aquela briga e eu não teria saído de casa aos prantos para pedir abrigo temporário no apartamento do meu amigo.
Aperto as flores em minhas mãos e me lembro de nosso primeiro beijo. Na faculdade, sem a menor pretensão de relacionamento. Sem ter ideia da amizade que surgiria. Sem imaginar que seis anos depois, formados, por um tropeço da vida nossos corpos se reencontrariam.
Fecho os olhos e respiro fundo. Oito anos de amizade, dois namorando. Uma procura de apartamento interrompida por um “mora aqui comigo”. Um quarto de hóspedes abandonado por um “dorme aqui comigo”. O futuro iniciado por um “casa, então, comigo”.
A porta se abre e ele está no fim do corredor. Lindo. Eu sorrio, chorando. Quem diria? Solto o ar pela boca enquanto na cabeça passa cada crise amparada, cada vinho em fim de tarde, cada briga superada, cada beijo na boca. Cada silêncio compartilhado e cada filme que eu vi pela metade porque dormi no meio enquanto ele me fazia carinho; as pequenas delícias de morar com o único cara com quem me imagino.
Quatro passos, estou tremendo. Vejo nossos amigos e lembro do fatídico churrasco. Era copa do mundo. Morava com ele há seis meses, dormíamos juntos há quatro. Em segredo. Ele me deu a mão quando saímos do carro e eu entrelacei nossos dedos. Um acordo tácito. “Vocês estão juntos?” “Sim”, respondemos pela primeira vez com certo frio na barriga e sem saber no que ia dar.
A sobrinha dele vai na minha frente, espalhando pétalas pelo caminho e me vem a lembrança da família dele comemorando a notícia. “Eu sempre soube que vocês ficariam juntos no final”, minha cunhada falou.
Já não sei mais quanto andei, mas o corredor parece infinito. Nossos professores estão ali. Só os preferidos. Só os que viraram amigos. Todos testemunhas do início daquela história. Volto a olhar para ele. Está chorando, e sorrindo. Aquele sorriso… me hipnotizou desde o primeiro dia, embora eu tenha guardado para mim.
“Se você parar pra pensar, a gente já é praticamente casado”, ele disse cozinhando enquanto eu fazia minhas unhas. “Mas e então, quer?” Borrei o esmalte, mas quis. Quero. Finalmente chego e lhe dou um abraço.
O próximo “sim” não vai mudar nossas vidas. Amanhã é apenas um dia normal. Acordaremos juntos, ele primeiro, eu com o cheiro do café. Dormiremos abraçados, eu primeiro como manda meu cansaço.
Muda um papel assinado e o dedo do anel. De resto, eu não quero mesmo que mude nada.
Bruna Paiva
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Sonhar minha colega, é algo que te motiva sonhe sempre, mas lembre-se dos seus valores, o que é importante pra ti, não faça para agradar aos outros. Acredito que no casamento são duas únicas pessoas que devem compartilhar a decisão, mas podem ouvir, ler e aprender para que essa decisão signifique um marco nem eu nem ele e sim nós! Parabéns muito bom seu texto
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Ahhh! Muito obrigada!!!
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Aaaaaai, que amor!
Achei delicadinho e realista ❤
Não gosto muito de textos românticos, mas nesse confesso que derreti.
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Ahhh! Obrigada ❤❤❤
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